segunda-feira, 20 de setembro de 2010

estou abrindo as páginas da minha vida para você ler

UM POEMA INFANTIL:



SORRIA:


SORRIA, VOCÊ É SINCERO.
SORRIA, VOCÊ NÃO É COMO NERO.
SORRIA, VOCÊ PODE CANTAR.
SORRIA PORQUE O AMOR É COMO O MAR.
SORRIA, EU SOU JESUS.
EU ESTOU SENTADO E SORRINDO AOS PÉS DA CRUZ.



Quando eu estava com onze anos de idade, ganhei de presente de uma amiga de escola, Cláudia Riguetti, um livro cujo título, Sorrindo, foi escrito por um autor católico, Neimar de Barros. Durante muito tempo eu me interessei pelos livros deste autor e foi através dele que formei minha opinião sobre o aborto, através de uma poesia chamada “Pequena epopéia de uma passageiro terreno”. O livro de maior expressão dele, Deus Negro, na época causou muita polêmica. Vivíamos em plena Ditadura Militar e a censura atuava até nas cantigas de roda. Esse livro falava de um Jesus com origem na raça negra.

O interessante desse fato foi que a primeira poesia que escrevi, Sorria, foi inspirada neste livro. Poesia sem nenhuma pretensão artística. Poesia infantil e descompromissada. Mas já inspirada Naquele que viria a ser, trinta e cinco anos depois, o meu maior inspirador.

Portanto, o relato que você lerá a seguir foi escrito por mim, mas os direitos autorais do mesmo pertencem a JESUS CRISTO.
COMO TUDO COMEÇOU:


Hoje, dia 14 de julho de 2010, mais uma vez meu telefone tocou: a filha de 22 anos de uma amiga do trabalho havia morrido. Não, eu não quero ouvir. Eu não quero saber de mães que perderam seus filhos. Por quanto tempo mais essa notícia vai me chegar? Quantas vezes mais essa dor vai me atingir? Eu nego e não aceito a notícia. Mas a notícia chega, a dor vem – porque essa mãe e essa filha eu conheço. Tenho fotos com elas. Tenho histórias com elas. Essa família não passou pela minha vida como um esbarrão. Eu já havia olhado nos olhos das duas. Como eu poderia sair correndo e fugir?

Mecanicamente eu peguei o telefone e liguei para aquela mãe. Pude antever a dor que iríamos sentir. Não era apenas mais um gesto autômato de consolar. Eu tinha que me preparar. Eu tinha que, "Tirar as sandálias dos meus pés porque aquele território é santo.” Eu tinha que chorar. E o pior de tudo, eu tinha que colocar aquela mãe no colo e mais uma vez viver a morte do meu filho.

Respirei fundo e disquei. Não adiantava traçar um roteiro para seguir. Eu conheço o processo. Há dezesseis anos ele vem ao meu encontro. Foram muitos pais que viveram a experiência da perda de um filho. Pais que, de alguma forma, estiveram ao meu redor. Não eram mortes que eu li nos jornais ou ouvi nas rádios e nas redes de TV. Eram mortes próximas que me orbitavam. Dói demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário